SÃO PAULO - Recém chegado da Pedra Grande em Atibaia-SP, em meio à projetos e planos de conservação e manejo, algumas reflexões vieram à tona. Após cumprir a primeira etapa de um trabalho de campo de uma das melhores disciplinas aplicadas que já participei, publico aqui algumas das inquietações surgidas juntamente com nossos trabalhos técnicos e aplicações teóricas inerentes a um trabalho ambiental interdisciplinar.
Primeiro, a relação positivista de “custo x benefício”, onde a idéia de “menos é mais” representa, ou se torna quase um sinônimo, de eficiência. Sabe-se que, para criar esse jargão, baseou-se em algumas funções da natureza, como por exemplo a fotossíntese, na qual a planta procura a melhor disposição de suas folhas em relação à luz solar e ao ambiente em que se encontra, de forma a produzir mais energia exercendo o menor esforço. Mas venho aqui quebrar essa idéia de eficiência utilizando do mesmo argumento: a natureza. Para nascermos, o indivíduo macho da nossa espécie deposita milhões de espermatozóides, para apenas 1 fecundar o óvulo da fêmea. Cerca de 99% dos espermatozóides são mal sucedidos. Neste exemplo, a eficiência se traduz no oposto: mais é menos; milhões gerarão um. O grande número de chances, aumentando a probabilidade, é que garante a eficácia do sistema. Outro exemplo é o vírus da Aids (agora, estamos falando em eficiência para o vírus, e não para o seres humanos). O vírus, ao se multiplicar, não gera apenas cópias perfeitas de si mesmo. Uma grande porcentagem de seus novos exemplares são defeituosos, imperfeitos. Mas é em meio a esse vasto número que surgem as mais eficientes mutações do vírus, conseqüentemente, dificultando a sua exterminação.
Concordo que em muitas áreas da economia, empreendedorismo, no mundo dos negócios, a eficiência é obtida à partir do menor custo e maior benefício. Mas para várias outras áreas do conhecimento, talvez, é preciso passar pelas experiências mais demoradas, inconfortáveis, penosas e dolorosas para se chegar eficientemente a um bom resultado.
Acredito que com a preservação e conservação seja assim, mas isso é assunto para um próximo post.
ps.: agradeço a todos os professores, alunos, técnicos e profissionais em geral que participaram, e ainda estão participando, do projeto oferecido pelo PROCAM USP (Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais). Obrigado...
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Um comentário:
É meu caro... parece que não escapamos quase nunca do imediatismo. Pena! Ainda mais sabendo que um dos orgãos que sustenta a pesquisa científica no Brasil preza mais a quantidade do que a qualidade.
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